terça-feira, agosto 22, 2006

um gato no céu



a L. estava a jantar, comendo lentamente, grão a grão do seu arroz.
estava muito contente, tendo levado o seu pai à exaustão por correr praia atrás de praia nessa tarde, até bem perto das dez da noite.
no entanto, não deixou escapar nenhuma pista do seu cansaço, comentando a temperatura agradável da noite, as brincadeiras nocturnas dos gatos, convidando a mãe a juntar-se a ela própria e ao pai, sentados na mesa a petiscar.
começa então a erguer o seu braço, a sua mão cheia de arroz para o céu, e diz repetidamente: anda anda, pápa!
a mãe pergunta-lhe e quem se dirige o convite e ela, atónita, responde:
o gato, mãe, o céu!
um gato no céu, a quem a L. se dispunha a alimentar, a partilhar com ele a refeição da familia. um gato que ninguém mais viu a não ser ela, nas suas mil e uma visões de fantasia e brincadeiras incansáveis.
os pais não tiveram outro remédio, acenaram ao gato e no final do jantar desejaram~lhe uma boa noite, cheia de estrelas.
(um poema de uma menina de dois anos que me fez lembrar uma curta de um amigo de quem sinto saudades - imagem de "estória do gato e da lua", do pedro serrazina)

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